17 de agosto de 2012

CALEIDOSCÓPIO 230

Efemérides 17 de Agosto
Steve Hockensmith (1968)
Nasce em Louisville, Kentucky, EUA. Com Holmes On The Range, publicado em 2006 inicia a série do mesmo nome, que conta já com 5 títulos publicados. O autor cria em 2010 a série Pride and Prejudice and Zombies — 2 títulos — e tem 2 colectâneas de contos policiários. Vários romances e contos de Steve Hockensmith têm recebido nomeações para os prémios de maior prestígio de ficção policiária  Em 2000 recebe o Derringer Award — prémio de short story — com Erie's Last Day, um conto publicado em Alfred Hitchcock's Mystery Magazine.


TEMA — ALGO SOBRENATURAL — AS PRÁTICAS DO DIABO

Entretanto o “sabat” é já o pronuncio das modernas “missas negras” iniciadas no Século XVI ou XVII, as mais satânicas e mundanas, que degeneram muitas vezes em todos os tipos e horror, inclusive o crime, inconcebíveis numa sociedade civilizada.
A missa negra não é mais do que uma caricatura da missa cristã, melhor, uma inversão da missa cristã: o crucifixo é colocado ao contrário, o cálice e as hóstias são negras, a missa começa pelo fim.
São muitos os relatos de assistentes deste tipo de missas, nas quais se praticam centenas de aberrações marcadamente eróticas, contrarias a Lei de Cristo, chegando-se ao sacrifício humano. O ritual exorcista segue as normas do “Rituale Romanum” e o Diabo é invocado para ser convidado a sair do corpo do possesso — uma pessoa possuída pelo demónio — através de palavras de ordem, aspersão de água benta, feridas e chicotadas no corpo, etc.
A pessoa habitada pelo Diabo deforma-se-lhe o rosto, o olhar denota ódio, emite sons estranhos virtude da língua inchar, espuma, arqueia o corpo que treme incontrolável, as sua facultados mentais superiorizam-se, a força é fora do comum e o comportamento obsceno.
Pretensas situações de posse diabólica são, em realidade, doenças como a epilepsia e a histeria, coisas fáceis do comprovar, menos para os convencidos da presença diabólica,
Sobejamente conhecido, e trágico também, foi o popular e não muito longínquo caso de magia negra, bruxaria o exorcismo de qual foi mentor Charles Manson, sumo-sacerdote de uma seita satânica cuja filosofia consistia em que cada um é o Diabo e o Bom Deus ao mesmo tempo, pois cada um é una pessoa de um todo, e que o assassínio não existe pois ao matar-se alguém mata-se a si próprio, e que levou a cabo a orgia de 8 para 9 de Agosto de 1969, que terminou com cinco mortes uma das quais, Sharon Tate (enforcada depois de mutilada) mulher do famoso realizador Roman Polanski, que pouco antes havia realizado um filme exactamente sobre magia negra.
Todos os embustes, dons maléficos e sortilégios são atribuídos ao Diabo e seus servidores. Há receitas para todos os gostos: amor e morte.
Filtros mágicos com efeitos garantidos:
Faça uma pomada com tutano de um lobo jovem morto ao luar de uma sexta-feira, dia 13,junte almíscar e âmbar cinzento, deixe treze dias à porta de um cemitério. Pronta a pomada esfregue com ela todo o corpo e dê-o a cheirar à pessoa amada.

A literatura universal é pródiga em descrever exemplos de magia. Lembre-se a paixão fatal de Tristão Isolda que nasce por ambos terem bebido o filtro do amor que a mãe desta pensava utilizar com o Rei Marc. Siegfried o herói ariano narrado por Wagner, despreza o amor de Brunilde e enamora-se de Gudrun por causa da ingestão de um filtro mágico.


TEMA — CONTO FICÇÃO CIENTÍFICA — A CHEGADA DOS GELOS
De Peyton Wertenbaker
História e fim da humanidade, apareceu em 1926 no Amazing Stories com uma relíquia inesquecível. (Tradução de M. Constantino)

E estranho estar só e ter tanto frio. É estranho ser o último homem sobre a Terra.
A neve acumula-se silenciosa à minha volta, triste incessante. Isolado neste minúsculo local branco, indistinguível num mundo de nevoeiro, sou sem a menor dúvida a criatura mais solitária de todo o universo.
Quantos milénios decorreram desde que gozei de uma última e autêntica companhia? Estou há muito tempo só, porém, anteriormente havia gente, seres de carne e osso. Agora desapareceram. Agora já nem sequer tenho as estrelas para fazer companhia, tudo e todos se perderam no meio da infindável neve e crepúsculo terrestre.
Se ao menos pudesse saber há quanto tempo estou preso na terra!
Agora já não tem demasiada importância. No entanto, uma vaga insatisfação, um ténue instinto, não deixa de me colocar a pergunta: — Que ano? — Qual o ano?

Foi em 1930 quando se iniciou o grande acontecimento da minha vida. Existia um grande médico que efectuava espantosas operações… chamavam naquele tempo, cirurgiões. John Granden tinha direito ao título de “Sir”, o qual indicava nobreza de origem, segundo os usos e costumes de Inglaterra de então. No entanto a cirurgia era mais do que uma profissão ou passatempo para Sir John e, ainda que tivesse ganho imensa reputação como cirurgião considerava a investigação como a sua verdadeira vocação. Era de certo modo um sonhador, porém, um sonhador capaz do transformar os sonhos em realidade.
Eu era um amigo íntimo de Sir John. Vivíamos, aliás, no mesmo apartamento, em Londres. Nunca consegui esquecer o dia em que me fez participar na sua principal descoberta. Voltava de um longo passeio pelo campo com, Alice, estava meio adormecido junto à janela, recordando os panoramas que havíamos visto juntos.
Sir John abriu a porta do quarto, viu-me e começou a rir com ar triunfante, um algo de louco.
— Achei! — gritou, andando de um lado para o outro. — Achei!
Sorri.
— Que é que achaste? — perguntei.
— O segredo, moço, o segredo! — E desapareceu pela outra porta.
Naturalmente conhecia-o suficientemente para saber que fosse qual fosse o “segredo” era inútil tentar descobri-lo. Não podia fazer mais do que esperar.
À noite começou a explicar-mo, como se não pudesse estar mais tempo calado:
— Pensaste que estava louco Dennell? — perguntou. — Não é isto admirável, passei toda a minha vida a descobrir o mistério do nascimento o descobri o segredo da Vida Eterna! Não quero ser demasiado técnico… posso dar-te uma pequena ideia…

Há milhares, talvez milhões de anos, que Sir John me explicou. Sem dúvida que esqueci o pouco que compreendi naquele momento, mas o essencial é que tinha cometido um pequeno erro numa experiência com uma cobaia, manipulando certos órgãos e havia pensado que tirara a vida ao animal mas, pelo contrário, o animal sobrevivera e durou surpreendentes anos sem ter envelhecido. Posteriormente deu-se conta que descobrira o prolongamento da vida de modo indefinido.
— Sir John — exclamei muito antes de terminar de falar. — Quero que faça essa operação em mim!
— Vamos Dennell — respondeu. — Não deve pôr-se tão impulsiva e imponderadamente nas minhas mãos…
Não desisti. Discutimos durante muito tempo, e venci. Sir John prometeu efectuar a operação dentro de três dias.
Esqueci Alice durante a discussão. É impossível descrever toda a gama de emoções que senti mas tive consciência do que fiz. Séculos após esqueci como emocionar-me.

Pergunto. Para que serve esta crónica? Nenhum homem a lerá não o duvido. A neve não desaparece nunca. Fiquei enterrado, sepultado e este será o fim, o meu fim e da minha crónica. No entanto, devo escrever até que sinta a alma cansada.
Necessito dizer que vivi, depois, durante milénios e milénios, até hoje?
Não posso relatar os detalhes dessa vida. Não são mais que uma longa série de novas e fantásticas impressões, que vem ao sabor de vagas recordações de sonhos que se misturam indissoluvelmente. Tentando reviver o passado como alguém que parece recordar um sonho, parece que tenho apenas algumas recordac6es e que a imaginação supre o resto. Agora já não penso por dias, nem por meses, mas em termos de séculos e milénios…
O vento atira a neve contra o meu exíguo fogo e sei que, em breve, adquirirá força bastante para extinguir-nos aos dois.

Os anos foram passando e ao princípio senti-me maravilhado. Observava as mudanças que se produziam em todo o mundo. Estudava… Os demais jovens mostravam-se surpreendidos de ver-me — um homem de trinta anos — frequentar a Universidade
— Por Deus Dennell, já tens tantos títulos! — Diziam — Porque queres mais?
Dizia-lhes que iria estudar medicina, direito, obter títulos em biologia, química, estudar arquitectura, engenharia, psicologia, filosofia. Deviam considerar-me louco. Pobres imbecis! — pensava. Não podem compreender quer tenho diante de mim a eternidade.
Durante várias décadas segui os mais variados estudos com aplicação. Ia de Universidade em Universidade. Nada me impressionava. Não tinha medo de morrer demasiado cedo. O meu corpo estava a ficar maia vigoroso em cada dia; a inteligência mais penetrante e mais lúcida.
Considerava-me um super-homem. Bastava-me acumular sabedoria até que o saber de todo o mundo fosse meu e então poderia reinar sobre planeta.
Não tinha pressa. Tinha uma imensa vida diante de mim. Regozijava-me com a minha eternidade.
Durante vários séculos, mudando de nome e passando de um a outro país, prossegui os estudos. Não tinha qualquer impressão de monotonia, já que para o intelecto, a monotonia não existe: esse era um dos sentimentos que deixara com a outra vida. Um dia, contudo, em 2132 um tal Zerentzov fez uma grande descoberta. Tinha algo a ver com a curvatura do espaço e transformava radicalmente todas as teorias sob as quais nos fundáramos desde Einstein. Há muito tempo que dominava a teoria da relatividade e envolvi-me rapidamente no estudo daquele novo conceito que, para minha surpresa, me pareceu extremamente vago. Custava-me compreender o que Zerentzov se esforçara por formular.
— Isto é impossível! — exclamei. — Não é mais do que um monstruoso engano!
Fui-me encontrar com o professor de física da Universidade que frequentara antes e disse-lhe que tudo aquilo era um monte de tonteiras.
Olhou-me fixamente e disse-me:
— Temo, Modevski (era o nome que utilizava na época), que não o compreenda. Tem que trabalhar um pouco mais a sua mente e ampliar a física.
Aquilo encolerizou-me, já que dominava todas as leis da física muito antes do seu nascimento. Desafiei-o a que me explicasse a teoria. Fê-lo em linguagem o mais clara possível, todavia continuava sem compreender.
Mirou-me com os olhos muito abertos e abanou a cabeça com comiseração, dizendo-me que estava a perder o seu tempo, já que eu era incapaz de o entender. Fiquei alucinado e voltei-lhe as costas com a cabeça num caos.
Compreendem e que havia ocorrido?
Durante todos os anos em que estudara loucamente a minha mente tinha permanecido tão viva e alerta como no dia da operação. Porém, não conseguira ser mais do que era — um homem inteligente do século XX e durante esse tempo a raça tinha progredido! Havia alcançado rapidamente novos conhecimentos, novas amplitudes, mais poder, enquanto eu continuava a percorrer as Universidades centenas e centenas de homens tinham-me superado!
Foi isso o que ocorreu. É inútil que analise o fenómeno. No final daquele século todos os estudantes do mundo me tinham superado facilmente e eu jamais poderia compreender Zerentzov.
Vieram depois outros sábios com novas teorias que foram facilmente assimiladas pelo mundo inteiro. Compreendi que a minha vida intelectual estava em ponto morto. Nada a fazer. Conhecia tudo o que era capaz de conhecer a não podia fazer mais do que jogar distraidamente com as minhas velhas ideias.

Muitas coisas ocorreram no mundo ao longo do tempo. Oriente e Ocidente dois potentes hemisférios unificados pegaram em armas e foi a guerra à escala planetária Não recordo mais que visões caóticas de fogo, de violência de inferno. Tudo me parecia impossível, como um estranho pesadelo: ocorriam as coisas, as pessoas fugiam, mas não sabiam exactamente o que faziam nem por quê.
Durante esse período permaneci escondido num pequeno subterrâneo sob a cidade de Yokahama, e por milagre sobrevivi. Oriente venceu. Mas no fundo pouco importava, excepto alguns povos marginais, todo o mundo se havia convertido numa raça única e nada mudou quando foi reconstruído sob um governo único.
Vi a primeira das estranhas criaturas que apareceram entre nós em 6371; homens vindos, segundo se apurou, de planeta Vénus. Porém foram repelidos, já que ao lado dos terrenos não eram mais do que selvagens ainda que mentalmente iguais aos homens do séc. XX que havia conhecido. Aqueles que morreram vítimas do nosso intenso frio, em contraste com o calor do seu planeta, foram dizimados às nossas mãos. Muito poucos regressaram ao seu planeta.
Conheci um tempo em que o mundo alcançou a perfeição mecânica, em que os homens podiam realizar qualquer coisa só com o apertar de um botão. Eram curiosos os homens do século C com enormes cérebros a pequenos e enrugados corpos, de membros atrofiados, movimentos lentos a torpes, que se serviam de pequenos aparelhos para se deslocarem.
Quando decidiram exterminar todos os criminosos, loucos e pervertidos, livrando o mundo de uma tara de que não tinham nenhuma necessidade, vi-me obrigado a apresentar os meus velhos papéis para provar a minha identidade e contar a minha história.
Compreenderam imediatamente que dizia a verdade graças à sua curiosa intuição, e a partir de então fui conservado e exibido como uma interessante forma de vida arcaica.
Vi o mundo converter-se em imortal graças a uma nova invenção de um tal Kathol, que empregou o mesmo legendário método, tão desacreditado, que fora usado comigo. Assisti ao final da palavra quando os homens aprenderam a comunicar-se directamente através do pensamento.
Vi todas estas coisas e muito mais ainda até chegar o momento em que não havia mais para descobrir, em que não existia mais que UM MUNDO PERFEITO no qual não se necessitava de nada excepto memória. Os homens deixaram por fim de contar o tempo. Alguns séculos depois da última guerra da 164ª Dinastia, mais ou menos 200000 anos da minha Era, os relógios e os calendários caíram no esquecimento e deixou-se de proceder a arquivos. O homem esqueceu os anos, esqueceu o tempo. Que pode significar o tempo que passou quando se é imortal?

Após largos, incalculáveis séculos, veio uma época em que os dias começaram a ser mais frios. Lentamente os invernos tornaram-se mais frios o verão não durava mais do que um mês ou dois. Terríveis tempestades desenvolviam-se no inverno e frequentemente no verão. A norte e a sul, na zona sub equatorial a neve caía e jamais se fundia.
Os homens morriam de frio aos milhares nas zonas mais próximas dos pólos. Nova Iorque converteu-se na cidade habitada mais setentrional do mundo, cidade árctica onde o calor penetrava muito raramente. Os bancos de gelo desciam lentamente até ao sul. Imensos glaciares cercavam o resto da civilização abafando a obra de séculos.
A neve aparecia no Verão em Itália, na Florida… finalmente estava por todos os lados, para sempre.
Nova Iorque, Chicago, Paris, etc, foram abandonadas… por toda a parte era o êxodo até ao Equador, com milhões de fugitivos perseguidos pela neve e pelo frio.
Eram criaturas débeis quando o GRANDE FRIO chegou — eram, falo de milénios antes — e recorreram a todas as armas da ciência para reconquistar a sua potência física, já que adivinhavam que a única possibilidade de sobreviverem era um corpo resistente e forte.
Quanto a mim, pude beneficiar dos meus débeis poderes, já que o meu físico era o mais notável daquele tempo. Porém, era um triste consolo, já que todos estávamos unidos pelo horrível terror do frio. Todas as metrópoles foram abandonadas e, quando deslizávamos com as nossas máquinas pelo gelo, podíamos ver gigantescos montes de esqueletos sob o imenso sudário de neve que o vento removia pelas desertas ruas e avenidas onde antes vivera com calma e segurança a elite do género humano.
O gelo continuava a sua ofensiva. Já que os homens tinham esquecido a Era Glaciar quando deixaram de calcular o tempo, quando perderam de vista tanto o futuro como o passado, não calcularam que haveria um tempo em que o gelo cobriria a Terra, em que o Sol brilharia friamente por intervalos cada vez mais breve num eterno crepúsculo de brumas.
Lentamente, o gelo espalhou-se e os últimos sobreviventes da humanidade vieram reunir-se no Egipto, na Índia, na América do Sul.
Os desertos floresceram, todavia o gelo aparecia sempre para aniquilar as escassas colheitas.
Posto que o gelo era implacável, o mundo inteiro, excepto uma ligeira franja a um e outro lado do equador, não era mais do que um gigantesco glaciar reluzente, uma branca planície que cobria a ruína das cidades prósperas durante centenas de milénios. Era horrível imaginar a solidão e o eterno crepúsculo que as rodeava… neve e silêncio…
No frio e na neve constantes ficaram alguns, poucos, vestígios de vida que se concentrava ao longo do Equador em volta de fracas fogueiras.
Um duro inverno reinava agora de forma perpétua, convertendo os homens em loucas bestas selvagens, lutando uns com os outros par um sopro de vida já condenada.
Eu, o único sobrevivente arcaico, com o físico resistente e fortes mandíbulas… Deus, nem quero pensar — os homens haviam-se tornado canibais e eu era um deles!

Inevitavelmente os gelos fecharam-se…
…um dia, de todos os homens do nosso pequeno povoado, não restava mais que uma vintena. Apertávamo-nos em redor do agonizante fogo de velhos troncos. Não falávamos. Permanecíamos de mentes vazias. Éramos o último bastião da humanidade.
Creio que alguma coisa de muito nobre fez transformar aquelas criaturas, fazendo renascer nelas um pouco do que haviam sido anteriormente. Vi-lhes nos olhos a pergunta que transmitiam uns aos outros e em cada olhar a resposta. De comum acordo, aqueles homens levantaram-se, ignorando-me, considerando-me como uma criatura inferior, arrancaram as roupas e, um a um, partiram no meio de uma ululante tormenta de neve… desapareceram.
Fiquei só.
Como estou agora.
Escrevi a história fantástica de mim, da humanidade, em uma substância que resistirá a neve.
Por ironia da sorte serei o historiador, o sobrevivente arcaico, um selvagem. Deus sabe o que me impeliu a escrever, dado que penso, não haverá ninguém para ler.
Permaneço sentado, esperando.
Penso frequentemente em Sir John, na minha Alice. Será possível que encontre de novo, depois de tantos anos, os sentimentos, um vestígio, um fragmento daquele tempo? A recordação da minha paixão?
… vejo um rosto ante os meus olhos, uma figura cuja recordação havia perdido há tantos milénios e faz com que esquente de novo o meu sangue.
É de novo o amor, o amor que havia perdido!
Estou gelado.
O meu alento cai em frangalhos como os flocos de neve, apenas posso mover os dedos dormentes.
O gelo cerra-se sobre mim, já não posso rompê-lo… a tormenta ruge ao meu redor no crepúsculo…
Sei que o fim.
O fim do mundo… e eu… eu, o último homem.

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