23 de maio de 2012

CALEIDOSCÓPIO 144

EFEMÉRIDES – Dia 23 de Maio
Bruce Graeme (1900 – 1982)
Graham Montague Jeffries nasce em Londres. Autor prolífico de mistério e thriller escreve 80 romances entre 1926 e 1963. Cria diferentes personagens: Blackshirt (Richard Verrell), um gentleman trapaceiro; Auguste Jantry, um Inspector em Paris no séc. XIX; Robert Mather, um Sargento detective; William Stevens e Pierre Allain, respectivamente Superintendente e Inspector; Theodore I. Terhune, um livreiro e detective amador; e Lord Blackshirt (Anthony Verrell) outro gentleman trapaceiro e o filho Richard Verrell. O autor usa diversos pseudónimos David Graeme, Fielding Hope, Jeffrey Montague, Peter Bourne e Roderic Hastings. Em 1952 o filho do escritor, Roderic Jeffries começa a escrever contos da série Blackshirt utilizando o pseudónimo Roderic Graeme. Graham Montague Jeffries é presidente da Crime Writers Association em 1957/8. Em Portugal estão editados, sob o pseudónimo Bruce Graeme:
1 – Pesadelo (1954), Editorial Minerva.
2 – Um Caso Para Salomão (1956), Nº34 Colecção Policial, Agência Nacional de Publicidade. Título Original: A Case For Solomon (1943)
3 – Os Silenciosos (1971), Nº196 Colecção Xis, Editorial Minerva. Título Original: The Quiet Ones (1970)
4 – O Rapto (1977), Círculo de Leitores. Título Original: The Snatch (1976)


Manuel Peyrou (1902 – 1974)
Nasce em San Nicolàs de los Arroyos, Buenos Aires, Argentina. De acordo com algumas fontes no dia 22, e segundo outras no dia 23. Advogado de formação nunca chega a exercer dedicando-se desde cedo ao jornalismo. Redactor, editorialista e crítico de cinema inicia-se tarde na literatura, evidenciando-se como autor de contos policiários e de fantástico que se encontram em quase todas as antologias. Destacam-se na sua obra: La Espada Dormida (1945) contos, El Estruendo De Las Rosas (1948) romance, La Noche Repetida (1953) contos, Las Leyes Del Juego (1960) romance, El Árbol De Judas, (1961) contos Premio Ricardo Rojas, Acto Y Ceniza (1963) e Se Vuelven Contra Nosotros (1966) romances, Marea De Fervor (1967) contos e El Hijo Rechazado (1969) romance que recebe o 2º Prémio Nacional de Literatura. O escritor é ainda distinguido com a Medalha de Ouro do Conselho de Escritores para o decénio 1951-1960 e com o 1º Prémio do Certamen Nacional de Cuentos de 1956, com o conto La Desconocida.


TEMA — DIA A DIA DO CRIME — LADRÕES AZARADOS
De M. Constantino
Na vida é preciso ter sorte… até para ser ladrão!
Vejamos:
O Alcino Alves planeou o assalto maduramente, com precisão minuciosa — conhecimento, tempo, distância, disfarce, arma, palavras e até um plano B alternativo. Comprou uma imitação barata mas perfeita de um revólver calibre 38, fulminantes, duas meias de senhora para lhe servir de máscara, um saco de compras, forte e razoavelmente proporcionado. Fora da joalharia, colocou a meia apertou bem a arma na mão, irrompeu pelo estabelecimento e gritou:
— Isto é um assalto! Deitem-se no chão!
Ninguém se mexeu. Não provocou o medo que esperava, antes ouviu o som de gargalhadas.
A sua carreira de ladrão, de bandido feroz, acabava ali — havia esquecido de tirar a rolha de cortiça que tapava o cano ameaçador do revólver!

Um outro ladrão da nossa praça, o Benedito “Bonitão”, sempre vestido a capricho à custa de dinheirinho alheio, assaltou cuidadosamente uma noite o “Clube dos Ricos”, entrando por uma janela mal fechada — culpa do João Maneta, o contínuo de serviço, que na pressa de regressar a casa lhe facilitara o trabalhinho. Com vagar para tanto percorreu todo o edifício enchendo os bolsos dos valiosos objectos encontrados, inclusivamente uma carteira recheada encontrada num cacifo e o relógio de ouro deixado na casa de banho.
Voltou a sair por onde entrou, deixou cair o chapéu ao levantar a perna para ultrapassar o peitoril da janela, mas não se importou, levava “mercadoria” para uma centena de chapéus, aliás aquele já não coincidia com o seu estilo.
Em vez de ir para casa foi a um receptador trocar o “material” por notas de banco. Porém quando regressou a casa finalmente, tinha a polícia à sua espera — no interior do chapéu que deixara no Clube havia o seu nome e morada.
O Carlos “Banqueiro”, solitário assaltante de bancos, tentou a sua sorte mais uma vez na filial do “Zig”. Entrou de arma em punho, ameaçando os clientes e funcionários do banco. Enquanto o caixa lhe enchia o saco, o elástico que lhe segurava a máscara rebentou e esta caiu-lhe do rosto. Tentou segurá-la com a mão que empunhava a arma e esta deflagrou e caiu no chão, sendo logo afastada por um pé providencial. O “Banqueiro” lançou-se porta fora… para cair nos braços fortes de um polícia que, na altura, lhe estava a passar uma multa — deixara o carro mal estacionado!
Destino idêntico teve o homenzinho que calmamente, entrou no banco colocando a mala sobre o balcão e ordenou à assustada empregada que estava na caixa:
— Encha-a. Estou armado!
Ela pôs todo o dinheiro que tinha e foi buscar um maço de notas a outras caixas, parou quando o homem disse:
— Isto chega!
E saiu com a mala recheada.
Minutos depois voltou a entrar, despejou as notas sobre o balcão.
— Desculpe menina, veja se está tudo! Eu não quis roubar. Só estou a escrever um romance policial e queria saber como se rouba um banco!
Entretanto o polícia batia-lhe nas costas:
— Acaba o tal romance na prisão… fica mais completo!


SOLUÇÃO — ENIGMA PRÁTICO — PRENDAM ESSE CEGO
Muito duvidoso que o cego esperasse pelo sinal verde para atravessar a rua, e fosse ele a incitar o cão para o fazer. A menos que o cão estivesse ensinado para o efeito. Mas não seria ele, cego, a incitá-lo quando apareceu o verde.
Depois, é normal, tanto mais para um cego, apoiar-se no corrimão para subir uma escada íngreme. Não o fez, tinha as mãos limpas. Logo, teria visto o aviso.
Tanto bastará para confirmar a desconfiança do inspector. Fizera o roubo para que se preparara há muito. Atirara com o seu produto, pistola e máscara para o carro do cúmplice, que o aguardava, e foi, calmamente, para o habitual poiso de pedinte, estabelecendo álibi, fiado no seu treino de cego.

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